sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Tom, Semitom, Som


Uma tecla. Depois outra. Som doce. Melodia. Os tímpanos não agüentam, precisam transmitir a outros órgãos tamanha sensação. Então a música invade cada mínima célula, tocando-a de formas diferentes. Os nervos se batem, o corpo se mexe, o sorriso sai. O frio na barriga sobe ao coração. Como o sangue, a melodia se espalha por todo o corpo. Através de dedos; do instrumento. Pode estar tocando a maior das bobagens, mas basta apenas que seja num piano e ela se tornará a melhor das canções. Das sensações. 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Last Kiss

Hey! 

Decidi parar de ficar enrolando tanto para postar algo no blog. Um dia apresentações, no outro, um texto logo. Espero que gostem, afinal me inspirei numa música que eu particularmente adoro: Last Kiss, do Pearl Jam. A primeira vez que ouvi, gostei apenas pela melodia agradável. Conforme fui escutando, a curiosidade pela letra me fez descobrir que trata-se da história de um acidente. Com isso, decidi escrever uma história a partir da canção - o que, admito, eu adoro fazer! Aí vai meu primeiro texto, com uma pitada de vergonha: 

"Joguei mais uma pedra em sua janela. Finalmente a porta se abriu e ela, desajeitada, saiu pela janela de seu quarto. Descer pela calha já não era um problema para minha menina.
- Está ficando boa nisso, han? – Brinquei quando ela se aproximou de mim aninhando-se em meus braços.
- Infelizmente tenho que ser... Em pleno século 21 tenho um pai que me quer às sete horas em casa – Ela riu do absurdo que falava. Soltou-se de meus braços e uniu nossos lábios. Ah! Como eu adorava essa sensação...
Soltamo-nos aos poucos e ela arregalou os olhos ao ver o belo carro estacionado, o qual eu tinha a chave.
- Vamos lá: o que houve com aquele carro caindo aos pedaços? –
- Está na garagem... Esse é do patrão! – Sorri vitorioso.
- Você pegou o carro do seu pai? – Ela aumentou sua voz duas oitavas.
- Sim! E isso é só o início das surpresas da noite – Eu sorri. Liz nem sequer imaginava as coisas que tinha preparado para nós naquele dia. Não que fosse aniversário de namoro ou qualquer coisa parecida, eu só... Bem, estava com vontade de quebrar a rotina de passeios casuais com uma saída ao maior estilo Hollywoodiano.  
- Uau – Ela disse num tom divertido. Rimos e entramos no carro.
Liguei o rádio no máximo e cantamos (aos berros) as músicas que tocavam na rádio. Eu a estava levando para os limites da nossa cidade – mais precisamente, na estrada quase que na entrada da cidade seguinte. Queria que visse a maravilhosa vista que lá tinha: o reflexo da nossa pequena, porém bem iluminada, cidade no mar. Eu não estava preocupado de acontecer alguma coisa porque, mesmo que fosse quase que de madrugada e numa estrada, o lugar era bem movimentado. Havia alguns bares (mesmo que bem distantes uns dos outros) e pessoas na areia também olhavam o mar.
Liz olhou para os lados e começou a sorrir largamente.
- Estamos fugindo de vez? – Sua animação fez parecer que ela estava falando sério.
- Quem me dera, querida! – Eu ri. Logo em seguida, ela também riu.
- Que romântico esse lugar... – Ela olhava deslumbrada para a janela. Eu tirei minha atenção da estrada e fixei o olhar em seus olhos. A forma com que brilhavam era bem mais iluminado que o reflexo da cidade no mar. Para mim, todo o resto tornou-se feio e sem graça. Liz desviou o olhar do mar e olhou em meus olhos. O brilho dela devia estar refletindo em meus olhos, porque seu rosto estava tão hipnotizado para com o meu, assim como o meu para com o dela. Sorrimos. Senti um frio estranho na barriga. Uma lágrima escorreu dos olhos de Liz e ela olhou para frente.
Não sei bem ao certo como aconteceu, foi tudo muito rápido. Havia um carro com o motor fundido parado transversalmente na pista. Seu dono estava fazendo sinais com as mãos para que eu freasse, seus gritos eram desesperados e a voz de Liz, gritando, atingiu meus ouvidos. Girei o máximo que pude o volante e enfiei meu pé no freio. Depois de alguns giros fiquei tonto o suficiente para não entender mais nada. Só consegui distinguir sons: vidros estourando, o pneu cantando, o grito de Liz ficando mais alto, o grito de mais gente... Silêncio. Ficou tudo escuro.
Eu sabia o que tinha acontecido. Pelo menos minha memória ainda estava viva. Minhas costas estavam em algo duro e meu rosto estava sendo molhado. Surpreendi-me com a força que tive que fazer apenas para abrir meus olhos. Uma vez abertos, descobri que o que molhava meu rosto era uma chuva forte que caia e que eu estava deitado no asfalto. Meu coração acelerou rapidamente com o gemido de dor que ouvi. Era de Liz.
- Amor – Ela disse com dificuldade.
- Liz! – Tentei levantar, mas eu simplesmente não consegui. Ela foi bem sucedida e ergueu sua cabeça, tirando-a do asfalto e me olhou. Sua mão deslizou pelo meu rosto, fazendo todo o contorno.
- Me perdoa, eu me distrai e... –
- Sh – Ela pôs seu dedo indicador na minha boca. – Não há pelo que se desculpar! – Ela sorriu. – Nós vamos ficar bem – Ela tentou, mas eu simplesmente não pude acreditar naquela frase. Liz tinha um tom dramático e chorava muito. Devia ser a dor. 
Algo quente passou a escorrer por minhas bochechas e então suspirei. Liz passou o dedo enxugando aquele pingo quente de lágrima.
- Oh, Gustavo – Ela deitou a cabeça em meu peitoral e desatou a chorar. No fundo, podia ouvir a voz do dono do carro pedindo por ajuda.
- Liz – Sussurrei. Ela levantou o rosto cansado rapidamente. Agora pude notar o quanto ele sangrava. – Me abrace, querida, só por um momento – Continuei sussurrando e fechei os olhos para o abraço. Ela me abraçou forte, como se fosse partir depois do abraço. Uniu seus lábios de forma desesperada aos meus e mais lágrimas escorreram de meus olhos.
Abri meus olhos com cautela e vi Liz se afastar de mim e voltar a deitar do meu lado. Nesse momento notei na quantidade de pessoas que tinham em volta. Notei no carro estraçalhado do meu pai e nas lágrimas daquelas pessoas desconhecidas. Um clarão muito forte fez meus olhos doerem e eu preferi fechá-los. Parecia tão mais confortável deixá-los fechados. Suspirei mais uma vez e não ouvi mais nada. Nem sequer o choro de Liz.


- Eu aviso para eles sobre o paciente Gustavo, Doutor, tudo bem – Vi e ouvi a enfermeira baixinha. Olhei em volta e me vi deitado numa cama de hospital. Surpreendentemente não havia tubos, aparelhos ou qualquer coisa grudada em mim. Eu apenas estava lá, deitado, com alguns medicamentos para dor jogados na mesa de cabeceira junto de embalagens de gazes. Passei a mão em minha testa e entendi porque estavam apenas as embalagens jogadas na mesa.
Para ajeitar-me na cama fui cuidadoso, afinal não sabia ao certo onde eram os pontos fortes das dores – uma vez que tudo doía.
- Enfermeira! Leve isso ao quarto 330 da paciente Liz! Urgente! – Um médico mandou.
Liz! Oh meu Deus! Como será que ela estava? E... Urgente? Eu não me perdoaria se entrasse no quarto da minha menina e a visse precisando de aparelhos para viver. Eu, o culpado do acidente, não estava precisando. Não faria sentido ela precisar.
Esperei por algumas horas a movimentação do corredor diminuir e arrisquei-me levantar daquela cama. Não senti dores mais. Não sei ao certo se foi porque já tinha acostumado com elas ou se simplesmente nada mais estava importando enquanto não a visse.
Caminhei lentamente até a porta do meu quarto. Passei mais uma olhada no mesmo. Ele estava escuro e do outro lado da cortina parecia ter mais alguém deitado. Abri a porta cautelosamente para não acordar ninguém e saí de lá. Eu estava no quarto 300. Olhei para os lados, certificando-me de que não havia nenhuma enfermeira ou médicos andando no corredor naquela hora, apenas visitas.
Engoli em seco. Eu precisava ver Liz. Encostei-me na parede e fiquei encarando as placas que diziam para que lado a numeração dos quartos subia ou descia. Fiquei momentaneamente tonto e minha respiração tornou-se ofegante. Uma enfermeira passou correndo por mim e, por sorte, ignorou minha existência. Mirei o final do corredor. O número 330 pareceu brilhar para mim. Tentei dar o primeiro passo, mas só o que consegui foi me arrastar. E foi assim que cheguei até a porta do quarto de Liz. Sorri. Encostei meu ouvido na porta. Não iria entrar se ela estivesse recebendo uma visita. Só o que ouvi foi soluços. Minha respiração ficou falha.
- Como é que é? – Ela disse em meio a suspiros. – Você está mentindo! – Ela berrou.
- Eu gostaria, querida, mas não estou – Uma voz calma soou.
- N-não! Isso... Isso é mentira! – Liz berrou novamente. O que raios poderia estar acontecendo com ela? Algum ferimento grave? Sem volta?
- Vai embora daqui! Eu sei que você só está fazendo seu trabalho, mas eu não quero ver ninguém... – Ela respirou fundo, como se estivesse pegando fôlego depois de 3 minutos debaixo d’água, e desatou a chorar.
Quando ouvi passos aproximando-se da porta, tratei de sentar nas cadeiras que ficavam em frente ao quarto do lado e me camuflar por lá. Quem saiu de lá foi uma enfermeira com o rosto abatido. Ela fechou a porta. Aproximei-me lentamente da porta novamente. Liz não chorava, ela esperneava. Parecia que chorava à própria morte. Preferi não arriscar entrar naquele momento. Ela precisava de espaço, tinha a ouvido pedir isso à enfermeira. Voltei a sentar nas cadeiras do corredor.

Abri os olhos. Eu havia cochilado naquela desconfortável cadeira do hospital (nem eu seu como). Haviam algumas pessoas sentadas ao meu lado. Olhei para a porta do quarto de Liz e vi Amanda, sua amiga, sair de lá com os olhos vermelhos de tanto chorar. Uni minhas sobrancelhas. Amanda teria que me explicar o que estava acontecendo.
- Amanda! – Exclamei. Ela seguiu andando corredor à dentro. – Amanda! – Disse um pouco mais alto. Ela ainda não tinha escutado e caminhava à recepção do andar (vulgo o único lugar para onde não podia ir, se não seria descoberto). De qualquer forma, não tive medo de gritar o seu nome. – AMANDA! – Ela parou. Apoiou-se no balcão da recepção.
- Da licença – Ela disse. – Tem certeza que é o quarto 300 que está vazio? –
- Deixe-me ver, senhorita – A recepcionista foi simpática. Revirou alguns papéis, olhou os olhos inchados de Amanda e afirmou com a cabeça. – Tem que estar havendo algum erro! – Ela disse bem mais alto que o permitido em um hospital.
- O que está havendo aqui? – Um médico intrometeu-se. A enfermeira apontou para Amanda – Eu sou o médico de plantão, pode falar comigo –
- O senhor atendeu o paciente Gustavo do quarto 300? – Ela já chorava. Arregalei os olhos. Não tinha associado o número a mim antes de ouvir falar meu nome.
- Querida, eu sei que isso é difícil, mas... –
- Eu entrei mais cedo hoje lá, ele estava deitado! – Ela parecia incrédula.
- Apenas seu corpo estava... Está... Daqui a poucos minutos retiraremos o corpo – O médico respondeu frio.
Desliguei-me do sofrimento de Amanda. Minhas pernas estavam bambas. Só o que consegui fazer foi correr. E corri o mais rápido que pude até o meu quarto. Esbarrei em algumas enfermeiras, mas elas não deram a mínima. Podia sentir lágrimas descendo de meus olhos e era essa sensação que não me deixava acreditar no que ouvira do médico.
Caminhei quarto à dentro e notei na cama em que acordara. Ela estava intacta, nem parecia que eu havia estado deitado lá. Parei de frente para a cortina que separava as duas camas naquele quarto. Senti um frio na barriga quando ergui minha mão para puxá-la. Ia revelando a segunda cama lentamente. Preferi fechar meus olhos com força. Parei de abri-la. Dei um passo à frente e toquei na cama. Na verdade, em um pé coberto por um lençol. Tirei minha mão rapidamente. Abri meus olhos e aproximei-me do outro extremo do corpo. Pousei minha mão, lentamente, à barra do lençol e me vi fechando os olhos com força novamente. Contei mentalmente até três e o descobri.
Foi como me olhar no espelho. Minha respiração tornou-se rápida e notei na feição triste de meu corpo. Eu estava morto, afinal. Preferi parar de martirizar-me e cobri novamente o corpo, fechei a cortina e saí daquele quarto. Assim que saí, cruzei com Amanda e o médico entrando. Todas as pessoas naquele corredor passavam por mim, mas eu não enxergava muito mais que vultos. Minha visão estava embaçada. Cambaleei um pouco, mas consegui obrigar meus pés a andar até o final do corredor. Queria vez Liz mais uma vez antes de ir para onde quer que eu tivesse que ir. Parei em frente à porta e alguns acordes simples de violão soavam tristemente no ar. Meu alvoroço foi tamanho que ignorei a maçaneta e impulsionei meu corpo para frente. O pior é que eu entrei.
Meu corpo estremeceu. Lá estava ela, sentada na cama de hospital, abatida. Tudo o que eu mais queria era correr até lá e dizer que estava ali, parado em frente a ela, ouvindo cada doce nota que ela tocava. Solucei alto dentro de meu choro calado. Ela começou a cantar. Era uma música que ouvimos no rádio naquela noite.
Abaixei a cabeça e desatei a chorar. Meu choro tornou-se um esperneio. Eu estava lá, na frente dela e simplesmente não podia tocá-la, nem sequer falar com ela. Liz começou a chorar. Ela tocava com dificuldade por conta dos inúmeros aparelhos que estavam envolvendo e tocando seu corpo para mantê-la ali.
Enquanto ela repetia o refrão incansavelmente, seu choro tornava-se cada vez mais um berro. Aproximei dela rapidamente e aproveitei o fato dela ter deixado o violão de lado para sentir-me mais perto de seu corpo. Ela olhou para seus próprios pés enquanto tentava controlar seu choro. Eu toquei seu queixo, mas, obviamente, ela nem sequer sentiu.
- Eu estou aqui, querida – Sussurrei. Ela se arrepiou. Parecia ter sentido um calafrio.
- Queria que você estivesse aqui, Gustavo – Ela choramingou enquanto voltava a deitar em sua cama. Eu continuei a observá-la. Para onde eu iria a qualquer momento – se é que de fato eu iria a algum lugar – não me importava. Para mim, o que importava era estar ali com Liz. Cuidar dela, permitir que ela se recuperasse, transmiti-la a força que eu simplesmente não tive.
Ela ajeitou-se na cama de forma que cabia mais uma pessoa lá. Eu, involuntariamente, ajeitei-me naquele espaço. Deitei em sua cama e a abracei por trás, encaixando perfeitamente minha alma a seu corpo. Notei que todos os pelos de seu corpo se eriçaram e Liz fechou seus olhos. Ela parecia gostar do conforto que de ter seus olhos fechados. Pareceu gostar tanto quanto eu deitado no asfalto.
Voltei a ficar zonzo e simplesmente não pude mais agüentar ficar lá. Os passos no corredor tornavam-se cada vez mais altos, o que me fez deduzir que Liz teria mais visitas. Tratei de levantar da cama e lancei mais um – talvez o último – olhar à minha amada. Deixá-la sozinha ali tinha um significado bem maior para mim. Porque não era somente numa cama de hospital que eu estava a deixando estar, era no mundo. Eu precisava descobrir o que iria acontecer comigo dali para frente e, quem sabe, observá-la de longe. Toquei meus lábios em sua bochecha e fiquei observando-a por mais alguns instantes. Ela sorriu de olhos fechados. Eu sorri de volta, mesmo sabendo que ela não estava vendo. Dei as costas para sua cama e caminhei em direção à porta.
- Ei! – Não pude acreditar. – Está indo aonde sem mim? –
Eu virei de costas e Liz estava sorrindo olhando para mim. Atrás, o corpo dela relaxava no mesmo sono eterno que o meu."

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

"Oi, meu nome é Dolly!"

Uh, é realmente difícil começar um blog. A começar com a coragem, depois toda essa história de confecção, design e, particularmente: a primeira postagem. Quer dizer, como começar sem que pareça só mais uma apresentaçãozinha boba? Pensei em colocar o clássico, como "meu blog vai falar sobre isso, isso e isso". Entretanto, essa nunca seria a melhor opção para mim. Quero que meu blog seja algo sem restrições, algo que eu possa compartilhar desde minhas ideias e pontos de vista, até minhas crônicas e contos secretos (guardados a sete chaves alguns clicks no meu computador).
Tendo em vista tudo isso, pensei em me apresentar nessa primeira postagem. Bom, eu me considero uma garota baixinha e envergonhada (não com os amigos mais íntimos, claro). Gosto de ouvir músicas antigas, ou melhor, rocks antigos (influência de um pai rockeiro que me deu no meu aniversário de 11 anos um DVD do Iron Maden e sempre me colocou para ouvir Ultraje a Rigor). Bebo muito refrigerante, como muita pizza, gosto (apesar de não ser muito boa) de jogar vídeo-game e adoro tudo que tenha a ver com a história (sim, essa mesma matéria que te faz babar nas aulas). Não sou do tipo que acha que não me incluindo nas "modinhas" de hoje sou melhor ou pior que ninguém, muito menos "a" diferente: sou apenas eu. E esse blog, é apenas um blog. Espero que seja o suficiente para lhes manter entretidos!

Sejam Bem-Vindos!

Enjoy xx